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CPV027 - Rei do Gado e Rei do Café

Rei do Gado é um álbum de 1961 lançado pela dupla Tião Carreiro & Pardinho. O álbum foi relançado em CD no ano de 2000. A canção que dá título ao álbum, Rei do Gado, é de autoria de Teddy Vieira. E foi regravada por diversos cantores famosos do gênero da música caipira, como a Orquestra da Terra e Tonico & Tinoco.

Rei do Café, foi gravada pela primeira vez em 1965 por Liu & Léu, na Chantecler. E a prosa de hoje será sobre os detalhes desse entrevero.

 

Tião Carreiro formou dupla com Carreirinho, com quem gravou nove discos 78 rpm. Em 1958, saiu o primeiro desses discos pela Continental, com o tango "Mariposas do amor", de Torrinha e Canhotinho, e a moda de viola "Rei do gado" de Teddy Vieira, um violeiro caipira e compositor, nascido em Itapetininga em 23 de dezembro de 1922.


E, por incrível que pareça, pouca gente sabe que ele, o Teddy Vieira, em parceria com o Carreirinho, escreveram a canção Rei do Café, uma excelente resposta ao "Rei do Gado".


Rei do Gado


O narrador conta que viu com os próprios olhos o fato ocorrido num Bar de Ribeirão Preto, que fica no interior do Estado de São Paulo.


Ele faz questão de deixar bem claro, logo no começo da história, que esse tal bar é frequentado pela grã-finagem da época e que a bebida consumida no local o Champagne.


De repente entra um peão, provavelmente um forasteiro, já que o narrador diz que ele traz na testa o pó da viagem. E pede uma pinga pro garçon e diz que a pinga é pra rebater a friagem. Um esquenta peito!


Ah... peão é o nome do profissional que lida com gado, seja no trato, seja no transporte... Guardem essa informação porque vai ser importante no desenrolar da história...

No dicionário informal Almofadinha é o mesmo que Rico, Mauricinho, com a roupa bem arrumadinha... engomadinho.

E é esse tipo de sujeito que se levanta e vai se queixar com o dono do Bar que desconfia quando um Caboclo que não se encherga se atreve a entrar em um lugar tão distinto.

E diz ainda que é pro dono barrar a entrada do caboclo, até porque naquela ocasião o Rei Do Café estava no bar.

Pois bem... Caboclo, no sentido literal da palavra, é a mistura de branco com índio. E tem como características físicas a pele de cor acobreada e os cabelos negros e lisos.

E o tal almofadinha não foi discreto. Ele falou tudo isso na frente de todos em com voz alta. E isso fica claro, na próxima estrofe.


Nessa hora eu queria tá nesse bar... só pra ver a reação do peão.

Já teve guerra na humanidade que começou por muito menos...

À essa altura, o garçon já devia trazido a pinga pro peão.

Eu imagino que ele deu aquela talagada e bateu o copo no balcão.


Rapaz! E num é que o tal peão é peitudo mesmo... O cabra não não ficou por baixo e ainda propôs uma aposta alta...

Mas, como bom jogador de truco, vamo analisar bem quais as manilhas que esse peão tem nas mãos...

Em seu livro Música Caipira, As 270 maiores modas, José Hamilton Ribeiro diz o seguinte:

“Rei do Gado é uma Música de grande aceitação e apelo popular, foi até tema de novela. Letra tecnicamente bem feita, mas um pouco emoliente demais em relação ao pecuarista, como se ele fosse um bom exemplo, enquanto o agricultor – que planta café – é mostrado como um impostor. Encerra também um “erro técnico”. Não é possível contar na mesma tabela pés de café e cabeças de boi. Se o “rei do gado” tinha um boi pra amarrar em cada pé de café do cafeicultor de Ribeirão Preto e ainda “sobrava boi na invernada”, isso significa que era dono de mais de um milhão de cabeças de gado – o que é um número fora de qualquer possibilidade. Na época da música, o “rei do café” tinha mais de um milhão de pés. Hoje existem fazendas com cinco até seis milhões de pés, enquanto os bois ainda se contam por dezenas de milhares, talvez chegando a algumas centenas.”


Mil Cruzeiros

 

Tião Carreiro contando a história de Rei do Gado


 

Rei do Café



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