CPV030 - Pedro Vaz Ensaios Sobre a Quarentena
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CPV030 - Pedro Vaz Ensaios Sobre a Quarentena

Em um dos episódios mais emblemáticos deste que será lembrado como “o ano da pandemia”, cidadãos italianos começaram espontaneamente a cantar a partir de suas janelas. Era uma forma de amenizar o distanciamento imposto pela crise.

A pandemia mexeu com todos nós, e com o nosso convidado de hoje não foi diferente.

Na segunda quinzena de março, esses sentimentos começaram a extravasar na forma de composições instrumentais curtas, que agora estão reunidas no EP “Ensaios Sobre a Quarentena”.

Pedro Vaz


Criado em Goiânia, atualmente o violeiro divide a vida entre Brasília e Goiânia. Pedro Vaz descobriu  a viola caipira depois de viver o mundo da guitarra e da percussão. Ao longo de seus 15 anos de carreira, o músico vem explorando universos musicais diversos, colecionando grupos de referência como Cega Machado, Caboclo Roxo, Judas, Encontro Violado e Orquestra Roda de Viola, gravando CDs e realizando importantes shows e workshops no Brasil e no exterior.

Pedro Vaz estudou com duas referências da viola caipira: Roberto Corrêa e Marcos Mesquita, graduou-se em Música pela UnB - Universidade de Brasília, foi professor durante quatro anos na Escola Brasileira de Choro Raphael Rabello - ICEM (Clube do Choro de Brasília) e, hoje, atua como professor no CEP/EMB - Escola de Música de Brasília e, também, é diretor musical da  Orquestra Roda de Viola.


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Ensaios Sobre a Quarentena


Praticamente ao mesmo tempo em que foram compostos, os temas foram exibidos em “janelas virtuais” numa espécie de diário de composição. Ao longo da segunda quinzena de março as miniaturas musicais foram criadas e postadas em forma de vídeo caseiros nas redes sociais. “As idéias foram surgindo e eu fui experimentando, buscando outros caminhos na viola e fazendo disso um exercício composicional, um desafio”, explica Vaz. O resultado surpreendeu o próprio músico pela forma orgânica como os temas se encadeiam, possibilitando a interpretação em sequência, como uma suíte.


Além de dar vazão à expressão artística, a “obra em progresso” nas redes sociais proporcionou outros retornos. “Recebi mensagens e comentários de algumas pessoas falando que os vídeos tinham trazido um pouco de beleza e conforto para o dia delas, que achavam bacana como eu estava canalizando o tempo para produzir e outras palavras de incentivo. Era um momento de muito medo, muita incerteza”, lembra. Apesar das circunstâncias, os oito “Ensaios Sobre a Quarentena” não transmitem angústia. Pelo contrário, eles ser alternam entre o meditativo e o lúdico.


Se o trabalho anterior de Pedro, o álbum “Dê Espaço ao Tempo” (2018), trazia uma narrativa elaborada, em diálogo com outros instrumentos, o EP se assemelha a uma coleção de haicais ou aforismos de viola solo. Musicalmente, esses temas exploram caminhos pouco trilhados na produção violeira mais tradicional. “Tentei brincar com coisas pouco usuais, trazer outras referências e fugir dos clichês”, explica. Daí a presença do modalismo, dos intervalos de 5ª e 4ª Justas e dos delays na ambiência sonora, que dão um sabor diferente, um flerte com a world music ou com o rock. “Nada vanguardista, são apenas sonoridades vindas de outras influências”, acrescenta.


Para lapidar a dimensão sonora do projeto, Pedro Vaz retomou a parceria com o também violeiro Ricardo Vignini, que produziu “Dê Espaço ao Tempo”. Virtuose das 10 cordas, Vignini possui uma expressiva carreira solo e integra o duo Moda de Rock e o grupo Matuto Moderno. Vignini já trabalhou com nomes de peso da música brasileira, como Lenine, André Abujamra e Liminha, entre outros, e se apresentou em muitos palcos internacionais, seja nos EUA, na Europa ou na América Latina. Acumula grande experiência na produção musical, especialmente ligada à viola. Além de mixar e masterizar os “Ensaios Sobre a Quarentena”, Vignini tocou sua “viola slide” no “Ensaio nº 5”.


É importante destacar que os “Ensaios” possuem uma dimensão audiovisual. Isto porque Jefferson Amorin filmou as performances de Pedro ao mesmo tempo em que o áudio era captado. O resultado é uma coleção de imagens, que retratam o violeiro no despojamento de sua casa, com interferências poéticas de pequenas animações, realizadas a partir da arte original de Thayna Rodex. Além disso há breves interlúdios/silêncios, entre um e outro tema, que dão um caráter de making of ao EP. Singelo e, ao mesmo tempo, poderoso, o vídeo agrega mais uma camada de significados ao registro de um artista em pleno processo criativo durante o solitário e, por vezes, claustrofóbico período da quarentena.




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