Algumas canções falam sobre um único pássaro, outras juntam aquela passarada em forma de orquestra. Pra você ter uma idéia, tem até dupla sertaneja que foi batizada com nome de passarinho!
E o episódio de hoje eu dedico a todos os amantes de pássaros e ao nosso ouvinte Márcio de Oliveira, de Santa Catarina que, depois de ouvir um dos nossos programas, com sons de pássaros ao fundo, sugeriu o tema.
Atualmente, existem no mundo cerca de 10.426 espécies de aves (dados da BirdLife International). Dessas, cerca de 1.919 espécies são encontradas no Brasil, segundo o Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos. Esses dados são de 2017.
Algumas espécies são mais conhecidas pela população do que outras, pois convivem diariamente com elas em suas ruas e praças, ouvindo seus cantos encantadores ou até mesmo, através de uma canção que traz como tema uma ou várias espécies de pássaros.
Canarinho, Seriema, Sabiá, João de Barro, Bem-te-vi, Juriti, Inhambu Chintã, Xororó, Gavião, Canarinho, Beija-flor, Colibri, cuitelinho, Tico-tico, Pombinha, Curió, Currupião, Trinca Ferro, Tangará, Sabiá, Saracurão, Sanhaçu, Azulão, Perdiz e por aí vai...
Quem nunca ouviu o rasqueado, composto e gravado por Ramonzito Gomes em 1963, Canarinho Prisioneiro, que ficou famoso nas vozes de Chico Rey & Paraná, em 1995.
A canção conta a história de um jovem serjanejo, apaixonado que se compara a um canarinho que cantava na janela o dia inteiro, provavelmente fazendo serenatas para sua amada, mas que de repente, se vê prisioneiro em uma gaiola, levado pra cidade e forçado a cantar em troca de dinheiro. Angustiado ele só pensa em fugir para o sertão de onde veio.
Canário da Terra.
O canário-da-terra (Sicalis flaveola), também é conhecido como canário-da-horta, canário-da-telha (Santa Catarina), canário-do-campo, chapinha (Minas Gerais), canário-do-chão (Bahia), canário-do-reino (Ceará), coroinha, cabeça-de-fogo e canarinho.
Tamanho aproximado: 13,5 centímetros. Peso médio: 20 gramas. A cor predominante é o amarelo-olivácea. Com 4 a 6 meses de idade, os filhotes machos já estão cantando, e levam cerca de 18 meses para adquirir a plumagem de adulto.
O seu canto é vigoroso, com uma série de notas bem enunciadas e frases curtas, “tsip, tsi-tit, tsi, tsiti, tsi, tsi, tsiti”. Pelo seu lindo canto é frequentemente aprisionado como ave de cativeiro. Está entre as 10 mais apreendidas, segundo o IBAMA, mesmo tal ato sendo considerado crime federal pela Lei de Crimes Ambientais, 9.605 de 1998.
João de Barro
O joão de barro é conhecido como o construtor da floresta, e além desse nome, também é apelidado de de barreiro, joão-barreiro (Rio Grande do Sul), maria-barreira (Bahia), forneiro, pedreiro, oleiro, hornero (Argentina) e amassa-barro. Tem esses nomes, porque o seu ninho é construído com barro e pequenos gravetos secos.
Em algumas regiões a fêmea é conhecida como “joaninha-de-barro”, “maria-de-barro” ou “sabiazinho”. É conhecido por seu característico ninho de barro em forma de forno.
O joão-de-barro é tido como passarinho trabalhador e inteligente. Dizem até que ele sempre faz o ninho com a porta virada para o lado contrário da chuva. E que o defende com bico e garras.
Seu canto parece uma gargalhada.
No Sul dizem que, quando ele canta, é sinal de bom tempo) e também dizem que ele faz o ninho na direção contrária à da chuva, e é amigo de todos, lutando para salvar seu ninho.
Dentre as várias canções populares sobre o João-de-barro, uma se destacou nas vozes de Tonico e Tinoco, relatando umas das crendices populares sobre o pássaro.
A história é que, se o macho for “traído” pela fêmea, ele pode trancá-la dentro do ninho para sempre como punição.
Seriema
Conhecida também como sariema (Ceará) e seriema-de-pé-vermelho. O nome seriema deriva das palavras em tupi “çaria” (= crista) + “am” (= levantada).
É uma ave típica dos cerrados brasileiros.
Sua plumagem é cinza-amarelada, com finas riscas escuras: abdômen um pouco mais claro, bico e pernas vermelhos. Tem a crista formada por um tufo de penas longas, com cerca de 12 centímetros. É uma das poucas aves que possuem pestanas. Possui porte imponente e cauda longa. Atinge uma altura média de 70 centímetros, podendo chegar a 90 centímetros de comprimento e pesar até 1 quilo e meio. O porte dos jovens pode ser igual ao dos adultos e, para diferenciá-los, a cor dos olhos é uma das melhores maneiras. Nos adultos, os olhos são acinzentados; já nos jovens, são amarelados, podendo a cor do bico ser em tom mais escuro.
Seu canto é marcante, um “kie, kié, kie, kie, kie, kie, kie, ke, ke, ke” podendo ser ouvido a mais de 1 quilômetro. Seus gritos, seja de uma ave solitária, seja de um casal em dueto, são altos e longos. Parecem longas risadas, as quais vão acelerando-se e aumentando de tom à medida que a ave repete o canto. Pode permanecer gritando por vários minutos a fio.
A seriema inspirou diversas canções pelos rincões do Brasil. Exemplo bastante típico é este trecho da canção Seriema de autoria de Nhô Pai e Mario Zan, gravada por vários artistas sertanejos:
Sabiá
Ave símbolo do estado de São Paulo, também considerada ave símbolo do Brasil (apesar de muitos contestarem alegando a ararajuba como a representante brasileira), o sabiá-laranjeira, também conhecido como sabiá-cavalo, sabiá-ponga, piranga, ponga, sabiá-coca, sabiá-de-barriga-vermelha, sabiá-gongá, sabiá-laranja, sabiá-piranga, sabiá-poca, sabiá-amarelo, sabiá-vermelho e sabiá-de-peito-roxo, é uma ave popular, citada por diversos poetas como o pássaro que canta na estação do amor, ou seja, na primavera. Foi imortalizado na “Canção do Exílio”, de Gonçalves Dias.
Preste bem atenção agora, na Canção do Exílio, recitada por Paulo Autran, no Album 4 Séculos de Poesia Brasileira - Coleção Poesia Falada, Vol. 14
Bonito, né... Em tupi, sabiá significa “aquele que reza muito”, em alusão à voz dessa ave. Segundo uma lenda indígena, quando uma criança ouve, durante a madrugada, no início da primavera, o canto do sabiá, será abençoada com muita paz, amor e felicidade.
E realmente, seu canto é muito apreciado e se assemelha ao som de uma flauta.
Canta principalmente ao alvorecer e à tarde. O canto serve para demarcar território e, no caso dos machos, para atrair a fêmea que também canta mas, numa frequência bem menor que o macho.
E me corrija se estiver errado. Com certeza, a primeira música sertaneja que vêm à nossa mente quando falamos dessa ave é A Majestade o Sabiá de Roberta Miranda - A música tem uma importância vital para a cantora, já que foi através dela que seu trabalho tornou-se conhecido do grande público. Roberta já afirmou mais de uma vez em entrevistas "Até que me provem o contrário, essa música foi psicografada, porque em cinco minutos eu fiz essa canção".
A música foi composta na casa de Wanda Alves Sobrinho, que acolheu Roberta quando ela havia sido despejada. Roberta conta que mais de 120 músicas foram compostas nesse ambiente.
Um dia Wanda presenteou Roberta com um pássaro que ela batizou de marilyn, em homenagem à cantora marilyn monroe. Um dia ela acordou, tomou o café da manhã, pegou o violão e começou a dedilhar. O pássaro começou a cantar acompanhando a melodia do violão. Daí ela compôs o refrão como uma reverência a marilyn, que seria "A majestade". A partir dai o restante da música foi feito e sofreu apenas duas pequenas alterações de trocas de palavras.
Apesar das dificuldades financeiras, Roberta sempre recusou-se a vender suas composições. Em 1985 "A majestade, o sabiá" foi gravada pelo cantor Jair Rodrigues, alcançando enorme êxito, vendendo quase um milhão de cópias. Logo a seguir então, Roberta Miranda conseguiu gravar seu primeiro LP.
A canção “A Majestade, o Sabiá” só foi gravada pela cantora em 1997, no disco “Vida”.
Obras de Poeta
Essa maravilhosa canção, escrita por Vital e Chico Lao, famosa nas vozes de Chitãozinho e Xororó, que aliás são nomes de pássaro, traz em sua letra 10 espécies de pássaro.
Além do construtor da floresta, o João de Barro, do maestro Sabiá, e do viúvo canarinho, já citados neste episódio,
a canção também fala do bem-te-vi que canta elegre na copada de um pinheiro
do canto triste da juriti,
do xororó abatido por um tiro de espingarda
do malvado gavião, que deixa viúvo o canarinho.
Fala também das lindas asas do beija-flor e do guloso tico-tico que, no moinho, enche o papo de fubá
e por fim, encerra com a pombinha mensageira, fazendo alusão aos pombos correios, que foi, provavelmente com um recado de amor, mas nunca voltou.
Bem-te-vi
O Bem-te-vi é provavelmente o pássaro mais popular de nosso país, podendo ser encontrado em cidades, matas, árvores à beira d'água, plantações e pastagens. Em regiões densamente florestadas habita margens e praias de rios.
É também muito popular nos outros países onde ocorre, recebendo nomes onomatopeicos em várias línguas como kiskadee em inglês, qu´est ce em francês (Guiana) e bichofêo em espanhol (Argentina).
Há ainda uma história que diz que o bem-te-vi seria a ave odiada por Deus, pois quando Jesus se escondia dos soldados que queriam matá-lo, o bem-te-vi viu Jesus escondido e começou a cantar: “bem te vi, bem te vi, bem te vi, então os soldados prenderam Jesus graças ao pássaro que “falou que viu Jesus escondido”.
Juriti
A juriti-pupu, ou simplesmente “juriti”, é uma ave columbiforme da família Columbidae. Conhecida também como pu-pu (Rio Grande do Sul).
Muito arisca, logo voa e se esconde, sendo que na maioria das vezes notamos sua presença pelo canto característico, que é melancólico e repetitivo: “pu… puuu”, cujo som deu origem a seu nome popular.
Xororó
O inhambu-chintã é uma ave tinamiforme da família Tinamidae. Também conhecido como inhambi-chintão, inhambu-do-bico-vermelho, chitão, bico-de-lacre, pé-roxo, inhambuxintã, inambuxintã, nambuxintã, nhambuxintã, inamuxintã, inhambumirim , nambuzinho, lambu, inhambu-de-canela-roxa e nambu-pé-roxo.
O inhambu-chororó é o menor do gênero (aproximadamente 19 centímentros). Habita os campos “sujos”, capoeiras, divisas de pastos, plantações (milho, sorgo, algodão e café). Também é conhecido como lambu, inhambu-mirim, espanta-boiada, bico-de-lacre, inhambuzinho e nambu pé vermelho. Como a maioria dos tinamiformes, é mais ouvido do que visto, sendo assim, ave difícil de ser fotografada.
O inhambu-chintã foi imortalizado na composição de Athos Campos e Serrinha, nas vozes de Tonico e Tinoco, dando inspiração e origem ao nome da dupla Chitãozinho e Xororó.
E a letra dessa musica também faz menção a outras aves:
Galo Carijó, coruja, jaó e a rolinha. É passarim que não acaba mais!
Gavião
O Gavião, também conhecido como caracará, carancho, caracaraí (Ilha do Marajó), gavião-de-queimada e gavião-calçudo. O carcará não é taxonomicamente uma águia, e sim um parente distante dos falcões. É tanto visto sozinho como em bandos numerosos em redor de mamíferos e carcaças. Ocorre em campos abertos, cerrados, borda de matas e inclusive centros urbanos de grandes cidades.
A canção Carcará, composta por João do Valle e José Cândido, ficou famosa na voz de Maria Bethânia. A canção descreve o hábito da espécie de caçar em queimadas:
Beija-flor
Uma das espécies de pássaros mais famosas no Brasil, o beija-flor chama a atenção por seu corpo delicado, bico alongado e jeito de voar.
o beija-flor é originário das Américas. No nosso continente, o habitat do beija-flor pode ser o Alasca, nos Estados Unidos, até a Terra do Fogo, na nossa vizinha Argentina.
Ao todo, são mais de 320 espécies, sendo que a maior parte delas vive em climas tropicais e subtropicais, em especial no Brasil e no Equador
Você já ouviu falar em “colibri”? E em “guainumbi”? Apesar de pouco usados pela maioria das pessoas no dia a dia, esses termos indígenas relativamente familiares também servem para designar algumas espécies de beija-flor.
Outros nomes comuns para falar do beija-flor são “cuitelo” (Mato Grosso do Sul e Mato Grosso), “pica-flor”, “chupa-flor” e “ariramba”.
Outra das curiosidades sobre beija-flor é que o peso do coração dele equivale a 5% do peso total de seu corpo. Pode parecer pouca coisa, mas, para se ter uma ideia, o peso do nosso coração não ultrapassa a marca de 0,5% do nosso peso.
O fator faz com que o beija-flor tenha uma circulação sanguínea mais eficiente e, portanto, melhor irrigação dos músculos, o que é importante para seu voo.
Ser capaz de ficar suspenso no ar é está entre as curiosidades do beija-flor, mas pouca gente sabe o quanto ela é realmente fascinante.
A aptidão só é possível graças a um conjunto de particularidades orgânicas que inclui: batimentos cardíacos e metabolismo acelerados, alimentação especial, ossos fundidos e alongados nas asas, “ombro” com rotação de cerca de 180° e bater de asas rápido e em formato de oito.
Uma das curiosidades sobre o beija-flor mais interessante também é que se trata da única espécie de ave que consegue voar para trás.
Com aproximadamente 6 cm de comprimento e peso inferior a 2 gramas, a colibri-abelha-cubano é considerada a menor espécie de pássaro existente. Originária de Cuba, a espécie — Mellisuga helenae — só pode ser encontrada no país, onde também é conhecida como beija-flor helena ou zunzuncito.
Para conseguir voar, o beija-flor precisa de leveza. Logo, ele não pode comer muito, certo? Errado!
Por causa de seu metabolismo acelerado, um dos hábitos do beija-flor é comer de 5 a 8 vezes por hora, alimentando-se de uma quantidade de comida que pode representar de 8 a 10 vezes o peso de seu corpo.
Essa alimentação, no entanto, é bem diferenciada: 90% dessa comida para beija-flor é baseada em néctar, o que garante a rápida liberação de energia para o organismo. O restante vem de pólen e pequenos invertebrados.
Isso acontece porque algumas espécies de beija-flor chegam a bater as asas até 80 vezes por segundo. Contudo, as câmeras tradicionais captam somente cerca de 30 quadros por segundo, quantidade mais confortável para os nossos olhos.
É por essa razão que mesmo a câmera lenta tradicional não consegue mostrar todos os movimentos de asa de um beija-flor. Para tanto, é necessário o uso de câmeras especiais, com captação mil quadros por segundo.
Dentre as curiosidades sobre beija-flor está sua alimentação. Ele se alimenta do néctar das plantas, e é daí que vem o nome popular dos troquilídeos. Mas engana-se quem pensa se tratar de uma relação unilateral.
Mais uma das curiosidades sobre o beija-flor é que ele, ao encostar a cabeça nas flores para sugar o néctar, absorve pólen em seu bico. Dessa forma, quando vai se alimentar de outra planta, ele espalha a substância, contribuindo para a reprodução das plantas. Ou seja, o néctar para beija-flor acaba sendo também uma espécie de néctar para as plantas.
Diversas espécies de beija-flor não permanecem a vida toda na mesma região. Por causa da escassez de alimentos típica de determinadas épocas do ano, muitas delas migram para outros locais uma vez por ano.
O beija-flor-rufous no inverno, por exemplo, voa por mais de 3 mil quilômetros, indo do Alaska até o México em busca de alimento.
Tico-tico
O tico-tico é uma ave passeriforme da família Passerellidae. É um dos pássaros mais conhecidos e estimados do Brasil. Seu nome vem do tupi e deriva do seu chamado. Esta ave e o pardal são duas espécies comuns em áreas urbanas e muitas pessoas as confundem apesar de terem diferenças facilmente percebíveis. Entre os nomes populares conhecidos, destacam-se: salta-caminho (Pernambuco e interior da Paraíba), titiquinha e ticão, gitica, mariquita-tio-tio (São Paulo), tiquinho (Paraná), catete, cata-pilão, jesus-meu-deus (Bahia), chuvinha (Sul do Piauí), toinho (Paraíba - região do Seridó Ocidental) e piqui-meu-deus (sul do Ceará), e também tico-tico-jesus-meu-deus.
A canção Tico-tico no Fubá, composta em 1917 por Zequinha de Abreu, é um chorinho de fama internacional. Originalmente, foi chamada de Tico-tico no Farelo. Há duas versões para o nome: uma diz que o autor devia cuidar para que os pássaros não comessem o fubá feito pela esposa mas, em vez disso, se divertiu vendo o andar saltitado das aves e compôs a melodia. Outra versão diz que, ao ver como os casais dançavam animados, o autor teria comentado: “parecem tico-tico no farelo”. Em 1941, Eurico Barreiros escreveu a letra que Carmen Miranda tornaria famosa:
Carmen Miranda cantou a primeira versão:
Pombinha
O pombo-doméstico é uma ave columbiforme da família Columbidae. Também conhecido como pombo-comum ou pombo-das-rochas. Esta espécie é originária da Eurásia e África e foi introduzida no Brasil no início da colonização portuguesa.
Vive até 16 anos. O peso é em torno de 238-380 gramas. Este pombo tem muitas variações na coloração. Alguns apresentam corpo todo preto com pés rosa-avermelhado e olhos laranjas em alguns indivíduos. Outros chegam a ser “albinos” com os olhos escuros e bico rosa-pálido. Já outros são marrons com duas barras também marrons nas asas cinza claro. Neste mesmo caso eles podem ter barras pretas nas asas cinza (este tem corpo cinza escuro). O pombo desse tipo (cinza escuro) tem o pescoço com penas verde-metálicas e roxas-metálicas que brilham sob a luz do sol. Tem uns que por conta de um acasalamento de um macho de uma cor, com uma fêmea de outra cor, resulta em um pombo com cores misturadas; preto com manchas brancas e vice-versa (alguns com pescoço verde e roxo).
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